Midia Alternativa - com Paula Farias




 
Olá pessoal  firmeza? fizemos uma entrevista com a  jornalista Paula Farias do Site Rap Nacional e ela foi muito gentil em nos responder ! queria deixar aqui meus sinceros agradecimentos




Olá Paula , você , jornalista  e grande representante do chamado quinto elemento, como é que você analisa do ponto de vista de lucro    a venda das noticias e a simples divulgações de informação  para o público leitor do rap nacional .. Da pra levar essa profissão em primeiro plano? Ou seja, viver de jornalismo focado em rap?

Tudo no rap é mais difícil, mas sinto que nos últimos anos os grupos perceberam que precisam se atualizar mais. E hoje em dia o trabalho de uma assessoria de comunicação é fundamental e está sendo mais valorizado dentro do movimento.
Mas, creio que ainda é pouco, faltam mais veículos de comunicação que trabalhem com a temática do Hip Hop, o que dificulta o trabalho e a sobrevivência de jornalistas apenas com o rap ou com o Hip Hop no geral.
Espero que em um futuro não muito distante seja possível viver trabalhando somente com o rap, mas hoje em dia ainda não é possível. São raríssimas as exceções dos profissionais de comunicação que conseguem sobreviver apenas trabalhando com o rap.

Conte-nos um pouco da sua trajetória e momentos marcantes na sua vida..
Eu já amo rap nacional há mais de 10 anos na época não tinha computador em casa ainda, e como tantas outras pessoas da periferia frequentava uma lan house do bairro.  E um dia achei o site do rap nacional e fiquei muito feliz. E partir de então acessava todas as sextas-feiras para saber dos eventos do final de semana e noticias dos grupos. O tempo foi passando em meados de 2009 minha vida mudou completamente, eu consegui uma bolsa de estudos pelo prouni e entrei na faculdade, para fazer o curso que eu sempre quis fazer – jornalismo - e o melhor não iria pagar para estudar. É um absurdo um país que “vende” educação, já que as universidades públicas são reduto de filhos de ricos e as universidades particulares viraram lugar de filhos de pobres uma inversão total de valores. Quando comprei meu primeiro computador comecei a acessar o site todos os dias (risos).
 E um dia teve um show no ginásio do Palmeiras, era a volta do Mano Reco ao Detentos do Rap, teria outros grupos também que agora não me recordo, só sei que eu fui ao show e foi maravilhoso. Cheguei em casa feliz e querendo contar para todo mundo como tinha sido, então resolvi fazer uma matéria , estava no início da faculdade e já sabia o que era um lead (risos) e o restante já estava dentro de mim o amor pelo rap a vontade de dizer que o movimento seguia forte. Então fiz a matéria e mandei para o site através do canal de comunicação fale conosco. E de repente a Elaine Mafra, jornalista do site e esposa do Mandrake me add no MSN, disse que tinha gostado da matéria e queria publicar, na hora não acreditei, quase chorei de emoção. Ela publicou o texto e lá em baixo estava meu nome. Foi um dos dias mais importantes da minha vida, meu primeiro texto publicado e falando sobre rap. E desde então eu não parei mais.

Quem mais te inspira?
Em relação ao jornalismo gosto muito do Caco Barcellos, os livros que ele escreveu “O Abusado” e “Rota 66”, são contribuições que marcaram para sempre não só o jornalismo, mas a sociedade brasileira como um todo.
E jornalistas como Vladimir Herzog (assassinato durante a ditadura militar no Brasil), Alipio Freire, Mino Carta, Rodrigo Viana são todos jornalistas de esquerda, que exercem o jornalismo militante. Veículos como o Jornal Brasil de Fato, Revistas Caros Amigos, Fórum e Carta Capital me inspiram e me fazem acreditar que um jornalismo comprometido com a sociedade e não com o capital ainda é possível.
É claro que Malcolm X, Carlos Lamarca, Che Guevara, Olga Benário, Carlos Marighella, Zumbi dos Palmares também me inspiram, são alguns dos revolucionários que lutaram por uma causa. Já no rap nacional grupos como Racionais MC’S, Realidade Cruel, Facção central, Consciência Humana, Dexter, Gog são alguns dos que me inspiram e me fazem acreditar que o rap permanece vivo.

Quais são seus maiores sonhos e qual seu principal projeto atualmente?
No momento só quero terminar minha graduação no final do ano. Estou escrevendo um livro-reportagem abordando a questão do rap x mídia.  Pretendo lançar o livro até final de 2013. Todas as minhas energias estão focadas nesse projeto que vai somar junto com a literatura marginal e acrescentar mais conhecimento ao público, já que a questão rap x mídia é bem polêmica e atual.




O que a Paula sente falta nos veículos de comunicação?
Sinto falta da democratização na comunicação, os grandes veículos de comunicação do Brasil estão nas mãos de meia dúzia de famílias que decidem o que entra em pauta na sociedade brasileira de acordo com seus interesses próprios.
O recente escândalo da revista Veja mostra bem o quanto o jornalismo brasileiro está contaminado por maus profissionais que utilizam o poder da informação em benefícios próprios. A mídia no Brasil é o 4 º poder e está em mãos erradas.
Em contra partida a internet têm ajudado nessa luta contra os barões da mídia, mas na rede também tem muito conteúdo duvidoso. É bom sempre procurar vários sites e pesquisar bem sobre determinado assunto.

Você acredita que a mistura de culturas e por simplesmente ter gêneros que vendem muito, o Brasil insiste em não dar ouvida a música politizada da favela , o rap?
A sociedade brasileira em especial a grande mídia despreza o rap justamente porque ele é a voz de quem não tem voz. O rap engajado é a maior forma de expressão da periferia, as rimas cheias de protesto e denuncias incomodam os poderosos, porque o rap politizado bate de frente. Em minha opinião esse é o papel do rap - protestar e ser a voz da periferia- já existem milhares de músicas que falam de amor, mas e da dor quem fala? Se não for o rap a denunciar as mazelas que o povo sofre quem será?
Rap para mim está ligado à militância e por isso ele vive a “margem” da grande mídia, mas mesmo assim o rap sobrevive, grupos como: Facção Central, Realidade Cruel, Racionais MC’S entre outros são provas de que é possível fazer rap militante e sobreviver.     

Como grande conhecedora do cenário nacional .. Qual conselho você dá pra quem esta se envolvendo agora com o Hip Hop?
Seja no break, grafite, sendo MC ou DJ faça o trabalho com amor e respeito ao Hip Hop, esse movimento cultural e social que há mais de 30 anos vêm fazendo a revolução pelas periferias do Brasil e no mundo, Não podemos esquecer que o Hip Hop é de todos os pobres, negros e lutadores. Que tudo começou na Jamaica foi para os guetos americanos e se espalhou rapidamente pelo mundo ajudando a salvar vidas.
O Hip Hop merece todo o nosso amor e respeito o restante como dinheiro e reconhecimento são consequências de um trabalho bem feito. Porque sempre terá alguém olhando para você.

Qual entrevista mais te marcou?
A primeira entrevista é sempre a mais marcante, no meu caso foi com o grupo Ao Cubo, que estava lançando o cd “Um Por Todos”, e a entrevista foi na zona leste eu saiu da zona sul pra leste. Muito ansiosa imaginando mil fitas, mas graças a Deus no fim deu tudo certo.
Depois tiveram muitas outras entrevistas e todas são marcantes e importantes, porque cada uma acrescenta algo a mais na nossa carreira. Destacaria a entrevista com o -Eduardo Facção Central - porque ele estava voltando a cantar depois de ter ficado doente e tinha muitas expectativas em cima desse momento tanto que a entrevista foi gravada em vídeo e foi bem emocionante. Teve também uma entrevista com o - Dimenó  Alvos da Lei - que estava lançando um novo projeto com uns parceiros da Inglaterra. Essa parceria estava causando certa polêmica entre alguns fãs, então conversa com ele esclarecer alguns pontos foi bastante importante. Recentemente eu entrevistei o Rashid e o Projota essas matérias estão na revista Rap Nacional 4, e foi muito bacana conversa com esses novos mc’s, tirar dúvidas, polêmicas e conhecê-los um pouco. Esses são alguns exemplos, mas todas têm sua importância tudo é gratificante quando fazemos o que gostamos.

Existe a sensação de frio na barriga quando esta envolvida nos questionamentos quentes a personalidades famosas, ou você já esta acostumada com o fato de lidar com isso ..
Existe a preocupação de ter que fazer sempre o melhor, pelo rap, pelo público, pelo veiculo do qual eu faço parte e por mim como profissional e pessoa.
A ansiedade e o friozinho na barriga existem, acho que sempre irão existir, eu considero isso um sinal positivo, porque significa preocupação com o que está sendo feito. Quando nos preocupamos é porque existe sentimento naquilo que está sendo produzido. Quando passamos a faze algo e não sentimos nada, então eu já acho preocupante.
E outra coisa também, cada trabalho, entrevista e matéria são diferentes, porque são momentos diferentes e pessoas diferentes.


Fale um pouco da Paula como pessoa
Eu sou muito simples, ligada a minha família e as causas que eu defendo – Hip Hop, questão racial, reforma agrária- sou muito transparente falo o que penso e nem sempre agradar algumas pessoas. Creio que pelo fato de vivermos em uma sociedade capitalista e consumistas algumas pessoas acabam se assustando quando escutam algumas verdades (risos).

Deixe seu alô pro pessoal do coletivo sou emblema e pra todos que acompanham essa nossa batalha diária de divulgar e promover Arte independente nos quinto cantos das periferias brasileiras.
Quero agradecer o convite e a oportunidade de bater esse papo com vocês
E desejar vida longa ao Emblema que vocês tenham força na caminhada para continuarem levando e promovendo a arte independente levando cultura e ajudando a democratizar a comunicação e o saber.


por: Sinal
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