“1 - Antes de qualquer coisa queremos agradecer por estar
participando do nosso quadro” emblema debate com gente de verdade”
Salve irmandade, nós é que agradecemos a oportunidade de está
trocando algumas palavras com o Coletivo Emblema. Sempre as ordens!
2 - Desde quando você escuta rap, você gostou da evolução
comparada à época que começou a escutar e o atual rap?
Tudo aconteceu no final de 1992 para
início de 1993, quando uns amigos que eu tinha na época, gravaram pra mim umas
fitinhas K-7, era uma salada da porra, nessas fitinhas tinham o Thaíde e o Dj
Hum, Gabriel, O Pensador, Sistema Negro, MT Bronks, Posse Mente Zulu, MRN,
Athalyba (pra mim um dos melhores letristas do Rap Nacional até hoje),
Racionais, Potencial 3, Desacato Verbal e outros caras lá que eu nem lembro
direito.
Sobre a evolução... Da época em que comecei a colar nos eventos pra cá,
tem melhorado bastante e a tendência é essa mesmo, o processo é meio lento,
pois sobra talento e falta grana, o pessoal está procurando fazer seus discos,
tem melhorado as produções, a estrutura dos eventos, não só os eventos do
centro, mas também os eventos das quebradas, (que pra mim são os mais
importantes, os mais autênticos, que alicerçam a cultura). Tá cada um correndo
atrás do seu. Em relação ao que era antes, só não vejo mais aquelas posses e
núcleos de Hip Hop como tínhamos antigamente, hoje tem bem menos, e outra coisa
que tenho notado também é que os elementos estão cada vez mais autônomos,
quando digo isso quero dizer que estão cada vez mais afastados. Pra se ter uma
idéia, conheço casos de grafiteiros e B. Boys que nem são do Hip Hop, mas
enfim, isso é pauta para outra discussão mais aprofundada, fica mais pra
frente...
3 - O que você acha dos meios de comunicação independentes?
Esse tipo veículo tem um trabalho importantíssimo para todo o tipo
de artista que faz arte independente no Brasil, não só do Hip Hop. Nós que somos
do Hip Hop vemos de perto as dificuldades que muitos dos nossos artistas têm para
expor os seus trabalhos, muitos até desistem da caminha por falta de
visibilidade... Parafraseando o Mano Brown “...
quem não é visto não é lembrado...” e essa regra também se aplica ao Hip
Hop, infelizmente.
4 - O que falta pro rap tornar- se uma força a ser
vista no cenário nacional?
Cara, não considero essa pergunta uma pergunta fácil de
responder, eu mesmo já parei pra me questionar sobre isso várias vezes. O Rap
da forma o qual eu conheci, ainda no inicio dos anos 90, era um tipo de Rap
mais contestador e que não tinha o tal “perfil” de música de FM´s. Hoje temos
várias vertentes dentro do dito Movimento Hip Hop, o que teoricamente
facilitaria essa abertura, porém, percebo uma certa “cultura de isolamento”
difundida pelos próprios rappers/mc´s. Em alguns casos tenho a impressão de que
alguns grupos até têm vontade de ir a uma emissora de TV, por exemplo, mas que
ficam meio cabreiros perante a cobrança de “postura” do movimento por conta de
certos posicionamentos e estereótipos. Eu particularmente não vejo problema
nenhum nisso, dependendo do contexto do programa, claro!! Mas como diria o
musico/poeta Scott-Heron “A revolução não será
televisionada”
5 - Você curte ler, escrever, estas duas palavras estão
ligadas de que forma com a palavra: compreender.
A leitura aqui em casa é algo natural e rotineiro, tenho uma
filha de oito anos que também gosta muito de ler, a leitura é bom em todos os
sentidos, melhora nossa escrita, melhora nossa dicção, principalmente pra nós
do Hip Hop que temos nossa linguagem urbana, nossa dialética muito forte, mas
que não é em todo ambiente que cabe e nem é aceitável, temos que ter essa
malandragem do discernimento também, senão caímos no vicio da linguagem sem
controle. Quando sabemos equacionar tudo isso, atingimos a compreensão, que
também é um exercício diário.
6 - O que é um gênio para você?
A palavra “gênio” é muito abrangente, por exemplo, Garrincha era
um gênio, Pelé também era um gênio, no campo da política temos outros tantos
como Martin Luther King também, que mesmo
de forma pacifica conseguiu fazer da sua luta uma revolução, temos Antônio
Conselheiro em Canudos, temos Zumbi dos Palmares, Lampião, que muitos não
sabem, era um grande poeta, enfim, é algo muito amplo o campo da genialidade.
7 - Qual seu maior sonho profissional?
Formar-me e trabalhar pra mim, e com isso ter mais tempo pra
minha família e ser mais atuante dentro do Hip Hop.
8 - Como é seu envolvimento com a música? E o que ela
significa para você?
Meu envolvimento com a música ultimamente tem sido de ouvinte,
mas também já tive um grupo de Rap, mas que durou pouco, hoje faço parte do
blog Olha Onde a Favela Chegou a convite do parceiro Léo de Morais, ajudando na
divulgação dos trabalhos de grupo de Rap local e de fora do estado e de
artistas que fazem parte da cultura Hip Hop.
9 - Deixe um recado aos mais jovens...
Parceiro é meio difícil ter um recado pronto para a juventude, o
que mais me preocupa é algo que é mais um alerta do que propriamente um recado,
é que a juventude preta está morrendo em nosso país, e em Salvador mais
especificamente, pois como a nossa cidade é constituída em sua maioria por
pretos, a incidência de pretos morrendo é bem maior. E na intenção de tentar
reverter esse quadro cruel e racista, é que eu acredito no Hip Hop e vejo que
ele exerce um papel fundamental em nossa sociedade. Mas lembrando, o Hip Hop é
apenas mais um canal para promover a inclusão social do nosso povo e não o
único.
10 - Fale um pouco do seu trabalho.
Meu trabalho ligado ao Hip Hop atualmente se resume ao blog, o
qual está sempre sendo atualizado com matérias, artigos, downloads e entrevistas
de diversas personalidades (conhecidas do grande público ou não) e que muito contribuem
com o fortalecimento do Hip Hop nacional, dando maior ênfase ao Hip Hop do
estado, porém, sem panelinha e sem corporativismo, pois seguimos uma linha
independente.
11 - Deixe um recado a todos que acompanham nosso coletivo!
Primeiramente gostaria de agradecer ao Coletivo Emblema pela
oportunidade de está trocando essa idéia com a rapaziada, muito obrigado mesmo
de coração. Vida longa ao Coletivo Emblema pela moral e pelo espaço que vem
sendo dando aos artistas independentes de modo geral, não tão somente os do Hip
Hop, pois a arte cura e liberta! Entre amantes, militantes e simpatizantes,
somos todos Hip Hop.
Grande abraço a todos e fiquem com Deus.
Paulo Brazil!
Blog: Olha Onde a
Favela Chegou.
Pedimos que envie uma foto + release pra publicarmos junto com
alguma música/vídeo de sua preferência.
Paulo Brazil – Música: Fight The Power do Public Enemy - (http://www.4shared.com/audio/aA8-LzUy/Public_Enemy_-_Fight_The_Power.htm)
Emblema : O maior Coletivo de Arte Independente de Rua Do Brasil
Acesse , www.souemblema.blogspot.com e descubra o porquê.
Salve Coletivo Emblema!!!
ResponderExcluirGrande abraço a equipe que faz o blog acontecer, precisamos mostrar que a cultura brasileira é muito plural, nosso povo é rico e existem vários "Brasis" que precisam ser vistos pelos brasileiros, temos que ter cuidado com a televisão, pois ela emburrece, empobrece, doutrina e centraliza a nossa cultura.
Abraço.
Paulo Brazil (Olha Onde a Favela Chegou).
Amante das Velhas Canções.